Afinal o que é a Palestina? Onde Fica?
“A Palestina é um território não contínuo localizado na região do Oriente Médio, abrangendo a Faixa de Gaza e áreas nos limites da Cisjordânia. Seu reconhecimento enquanto um Estado não é uma unanimidade entre os países da ONU, e o governo dos territórios é hoje exercido por meio da Autoridade Nacional Palestina (ANP). A população palestina atual estabelecida em Gaza e na Cisjordânia soma 5,1 milhões de habitantes.
Dados gerais da Palestina
Região: Oriente Médio.
Capital: Jerusalém Oriental, conforme reivindicação da Palestina. Tal status é disputado por Israel e também na comunidade internacional. A sede administrativa da Autoridade Nacional Palestina está situada em Ramallah.
Governo: república parlamentarista (governo provisório).
Área territorial: 6.020 km² (ONU, 2020).
População: 5.154.173 habitantes (Escritório Central de Estatísticas da Palestina, 2020)¹.
Densidade Demográfica: 857 hab./km².
Fuso: GMT +2 horas (GMT+3 horas no horário de verão).
Clima: mediterrâneo (Gaza) e tropical semiárido (Cisjordânia).
Geografia da Palestina
A Palestina é uma região localizada no Oriente Médio. Seu território atual não possui contiguidade física, estando dividido entre duas áreas distintas. A primeira delas é a Faixa de Gaza, que tem superfície de aproximadamente 365 km² e que se estende no extremo leste do Mar Mediterrâneo, tendo fronteiras terrestres com Israel, a leste e ao norte, e a sudoeste com o Egito.
Os territórios palestinos estão situados também na Cisjordânia, localizada entre Israel, que corresponde às fronteiras norte, sul e oeste, e à Jordânia, a leste. Inserida nessa região está a maior parcela do Mar Morto, na divisa meridional com as terras israelenses.
Mesmo dentro dos limites da Cisjordânia, as áreas correspondentes à Palestina não possuem continuidade, como é possível observar no mapa da seção seguinte. Apesar disso, estima-se que essa possua uma extensão total de 5.655 km², completando os 6.020 km² indicados pela ONU como sendo o território palestino.
Os tipos climáticos da Palestina são bastante contrastantes, o que se deve ao seu posicionamento. A Faixa de Gaza se encontra sob a influência direta da umidade oriunda do Mar Mediterrâneo, ao mesmo tempo em que se situa nas proximidades do deserto ao sul de Israel. Nessa região predomina o clima temperado, com verões secos e quentes e invernos de temperaturas amenas e chuvosos.
Na Cisjordânia as condições climáticas sofrem influência tanto das regiões áridas quanto da altitude, que condiciona variadas temperaturas e regimes hídricos. No geral, os verões também são secos e quentes, enquanto os invernos podem ser mais frios e dispor de maior índice pluviométrico. As temperaturas médias nessa região são de 20,2º C, enquanto as chuvas acumulam 667 mm ao ano.
O território da Palestina na Faixa de Gaza é formado por planícies, caracterizadas por cotas altimétricas que não ultrapassam os 105 metros acima do nível do mar, altitude do seu ponto mais elevado.
Nos limites da Cisjordânia, por sua vez, o relevo é formado por depressões e planaltos, que se concentram a partir do centro em direção ao oeste, dispondo de uma cadeia montanhosa, na porção central do território, que se estende de norte a sul. Destaca-se, nessa região, a presença do Deserto da Judeia, que abrange as terras centrais e adentra em território israelense ao sul. As altitudes se reduzem nos terrenos próximos ao Rio Jordão e ao Mar Morto, onde se encontram os vales em rifte. Seu ponto mais elevado fica no Monte Nabi Yunis, na região sudoeste, com 1.030 metros.
Mapa da Palestina
Mapa que indica a evolução do território palestino de 1947 até o presente, à direita.
Demografia da Palestina
A Palestina possui atualmente 5.154.173 habitantes, de acordo com os dados oficiais para 2020. A maior parcela dos palestinos (59,77%) vive na região da Cisjordânia, enquanto os demais vivem nas áreas administrativas que compõem a Faixa de Gaza, o equivalente a pouco mais de dois milhões de habitantes. Nessa região, a concentração populacional é muito elevada, de 5.693 hab./km², sendo, dessa forma, a mais povoada. Nos demais territórios, a densidade demográfica é menor, de 545 hab./km².
Mais de 738 mil palestinos vivem hoje em outros países, desconsiderando os países árabes, os quais, por sua vez, contabilizam 6,14 milhões de moradores vindos da Palestina. A cidade de Hebron, que se divide entre uma parcela pertencente à Palestina e outra sob o domínio israelense, é a mais populosa na Cisjordânia, reunindo 27.161 habitantes. Na Faixa de Gaza, a maior parte dos palestinos vive na cidade de Gaza, que conta com 21.831 habitantes.
Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o IDH da Palestina é de 0,708, valor considerado alto. A expectativa de vida naquele território é de 74,1 anos, ao passo que a quantidade de analfabetos era de 2,5% da população acima de 15 anos no ano de 2020. Ambos os dados são utilizados para a composição do indicador.
Divisão geográfica da Palestina
Os territórios palestinos são divididos pela Autoridade Nacional da Palestina em áreas administrativas ou cidades. São 16 no total: 5 na Faixa de Gaza e 11 na Cisjordânia, conforme listado a seguir.
Faixa de Gaza:
Gaza do Norte;
Gaza;
Deir al-Balah;
Khan Yunis;
Rafah.
Cisjordânia:
Hebron;
Jerusalém;
Jericó;
Belém;
Jenin;
Nablus;
Calquília;
Ramallah;
Salfit;
Tubas;
Tucarém.
Economia da Palestina
Em função da conjuntura política instável e dos conflitos frequentes, a economia dos territórios palestinos, especialmente a sua produção agropecuária e o desenvolvimento industrial, enfrenta muitas limitações. Os dados da ONU para o ano de 2020 mostram um Produto Interno Bruto (PIB) no valor de US$ 16,27 bilhões, valor esse que apresentou um salto de aproximadamente 68% em uma década. O PIB per capita, por sua vez, é de US$ 3.347 para o mesmo período.
A agricultura é considerada um dos pilares da economia palestina, representando ainda boa parte dos empregos nos territórios. Sua produção acontece principalmente por meio da irrigação nas regiões mais secas e depende da estação chuvosa nas áreas onde o índice pluviométrico é maior. As árvores frutíferas, com grande destaque para as oliveiras, os vegetais, hortaliças e frutas cítricas, são os principais cultivos. A atividade pesqueira, por sua vez, possui grande relevância para a economia da Faixa de Gaza, com saída para o Mediterrâneo.
Na indústria, o setor de tecnologia e comunicação tem ganhado força nos últimos anos, com grande presença de startups. Predomina a produção derivada do setor primário, como o processamento das azeitonas e a produção alimentícia e de bebidas, madeira e celulose, bem como os serviços essenciais (produção de energia, água) e manufaturas, como a produção de produtos químicos, farmacêuticos, médico-hospitalares, veículos, entre outros. No setor terciário, o turismo, principalmente religioso, é uma das principais atividades econômicas.
Um dos problemas econômicos enfrentados pelos territórios palestinos hoje é o desemprego, muito maior na Faixa de Gaza, que foi de 49,1% no ano de 2020. Esse valor cai consideravelmente na Cisjordânia, que observa taxa de 14,8%.
Governo da Palestina
A Palestina não é reconhecida oficialmente enquanto um Estado por todas as nações do globo, não possuindo uma estrutura governamental permanente. Sua forma de governo atual é o parlamentarismo, composto pelo presidente e pelo primeiro-ministro. O governo provisório palestino é representado pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), estabelecida no ano de 1994. Sua sede fica na cidade de Ramallah, embora Jerusalém Oriental seja reivindicada como a capital da Palestina.
Até 2019, a Palestina era reconhecida por 138 dos países-membros das Nações Unidas, inclusive pelo Brasil.
Infraestrutura da Palestina
Os territórios palestinos possuem uma população majoritariamente urbana. De acordo com dados oficiais, a quase totalidade das casas é atendida pelas redes de tratamento de esgoto, que abrangem 98,8% de todas as residências palestinas, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. A água potável, por sua vez, chega a 99,8% das casas nessa região.
Os dados, entretanto, dizem respeito apenas às residências conectadas à rede urbana, uma vez que as informações da ONU apontam que a população com acesso ao tratamento de esgoto adequado é menor, de 64,7%.
A população com acesso à eletricidade chegou a 99,8% em 2019, conforme informações oficiais. A matriz energética da Palestina é formada por fontes renováveis e combustíveis fósseis e, além disso, aquele território conta com uma parcela de energia importada de outras regiões. Destaca-se ainda que a população com acesso à internet quase dobrou em dez anos, chegando em 2020 a 64,4% dos palestinos, de acordo com a ONU.
Cultura da Palestina
A cultura palestina foi construída ao longo dos séculos e dispõe da influência árabe, armênia, grega, europeia, turca, hebraica e outras, além de representar um aspecto identitário e de união da sua população, que se encontra bastante dividida, não somente no Oriente Médio, como em outras localidades do planeta na condição de refugiados.
A religião possui grande importância para os palestinos, sobretudo o cristianismo, o islamismo e também o judaísmo. A estrutura familiar é basilar na cultura e, entre as celebrações importantes, estão os casamentos, comumente arranjados pelos membros da família e cujas festas se estendem por dias. Em outro extremo, os ritos funerários tendem também a se prolongar por 40 dias, e as casas ficam abertas por três dias para que a família receba as condolências. O café preto (sem açúcar) é uma das bebidas consumidas nessas ocasiões.
Dentre os feriados importantes para os palestinos, destacam-se o Dia da Independência da Palestina e o Dia Internacional da Solidariedade com o Povo Palestino. O artesanato e a música são importantes formas de expressão cultural, bem como os trajes tradicionais e o keffiyeh, lenço de padrão quadriculado que se tornou um símbolo daquele território. Na dança, tem-se como destaque o dabke. Por fim, a culinária palestina é representada por pratos como o maqluba, húmus e knafeh (doce feito com macarrão fino), além do azeite de oliva.
História da Palestina
A ocupação do Oriente Médio e das áreas onde hoje estão situados os territórios palestinos data da antiga Idade da Pedra. Com o decorrer do tempo, diversos povos se instalaram naquela área, que passou pelo domínio dos egípcios, israelitas, assírios, babilônicos — período em que ocorreu a expulsão dos judeus da região — persas e também do Império Romano.
Durante o domínio de Roma sobre aquelas terras, o povo judeu foi mais uma vez expulso, o que ocorreu por volta do ano 70 da era atual. Sob o domínio do imperador Adriano, o lugar foi batizado de Palestina, nome esse que faz referência direta ao povo filisteu, que viveu e disputou aquelas terras com os judeus.
O domínio árabe muçulmano na região teve início em 636 e permaneceu até o início do século XX, passando por um período de tempo sob o Império Otomano. Coincide com o final da dominação árabe no território palestino o surgimento do movimento sionista, no final do século XIX, que tinha como principal objetivo o retorno dos judeus para a Terra Prometida e a criação de um Estado.
O fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, marcou o avanço da Inglaterra sobre aquela área. Os judeus começaram seu movimento de retorno nesse mesmo período, ao passo que os palestinos protestaram contra a sua chegada. Houve, a partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a intensificação do fluxo migratório de retorno do povo judeu e, com isso, o aumento das tensões com os palestinos.
A partilha da Palestina foi oficializada no ano de 1947 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, um ano mais tarde, deu-se a criação do Estado de Israel. Pela divisão, a maior parcela de terras ficou com os judeus, o que não foi aceito pelos povos árabes, a quem foi atribuído cerca de 45% do território. Uma das consequências desse processo foi a Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949). O território israelense continuou se expandindo com o passar do tempo, enquanto, como pudemos observar nos mapas apresentados, a área destinada aos palestinos foi gradativamente encolhendo.
Os palestinos lutam até hoje pela criação de um Estado próprio. [1]
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi criada no ano de 1964 em defesa dos direitos do povo palestino pela asseguração de seu território, passando a reivindicar a criação de um Estado da Palestina. O grupo é oficialmente reconhecido pela Organização das Nações Unidas.
Na década de 1990, ficou garantido à Palestina, por meio do Acordo de Oslo, o domínio territorial de algumas áreas, mas não a criação de um Estado nacional. Como resultado, foi criado o governo provisório da Autoridade Nacional da Palestina (ANP). Os conflitos com os israelenses não cessaram, tendo o mais recente deles ocorrido em maio de 2021. Os palestinos continuam sua luta para o reconhecimento do seu Estado e maior autonomia política.
Nota
Os dados referentes à população e à economia palestinas, exceto quanto indicado o contrário, foram retirados do site do Escritório Central de Estatísticas da Palestina, uma fonte oficial da Autoridade Nacional da Palestina.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia
GUITARRARA, Paloma. “Palestina”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/palestina.htm. Acesso em 05 de novembro de 2022.”
Veja mais sobre “Palestina” em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/palestina.htm